Fotografia © Reuters-David Stobbe
As colmeias estão a perder população
Responsáveis
por 80% da polinização de plantas agrícolas, os insectos estão a ser
mortos por pesticidas comuns, afirmam cientistas que já são contestados
pela indústria.
Nas últimas
duas décadas, as populações de abelhas têm sido dizimadas por um fator
desconhecido, que se suspeitava ser ambiental. O problema tem grandes
implicações para a agricultura, já que estes insectos são responsáveis
por 80% da polinização das plantas de interesse agrícola. Circularam
várias teorias, culpando desde os telemóveis às alterações climáticas,
mas dois novos estudos, publicados no último número da revista Science,
esclarecem a natureza do mistério: a culpa pertence aos pesticidas
comuns e a descoberta já está a causar polémica.
Os insecticidas
são usados para proteger as colheitas de insectos nocivos mas segundo um
estudo realizado por uma equipa francesa, podem alterar de forma subtil
o comportamento das abelhas que saem das colmeias em busca de alimento e
sem as quais as culturas estariam comprometidas.
Conduzida por
cientistas do Instituto Nacional de Investigação Agronómica, esta
investigação consistiu em marcar 653 abelhas com minúsculas
identificações rádio que depois serviram para criar um modelo do
movimento dos animais no terreno. Alguns destes receberam doses de
thiamethoxam e os investigadores constataram que este composto aumentava
a desorientação, impedindo muitas abelhas de encontrar o seu caminho
para a colmeia.
O estudo britânico, efetuado por cientistas da
Universidade de Stirling, foi muito semelhante, mas as colónias foram
expostas a um composto também neonicotinóide, mas chamado
imidacloropride, que é aliás o mais importante no mercado. O resultado
foi semelhante: as abelhas perdiam o sentido de orientação e bastavam
pequenas doses de exposição ao químico.
A investigação já tem
consequências. O Ministério da Agricultura francês proibiu o pesticida
Cruiser OSR, produzido pelo grupo suíço Syngenta, mesmo sem esperar pela
confirmação destes dados. Os franceses querem acelerar os ensaios de
campo que se debruçam sobre o problema da redução da população de
abelhas e a indústria já começou a criticar os dois estudos, contestando
os níveis de neonicotinóides que os insectos receberam.
in: http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=2392314&seccao=Biosfera
Sem comentários:
Enviar um comentário